O fim do governo de George W. Bush (2000-2008) pôs fim à também conhecida Doutrina Bush, preconizada pelos neoconservadores que apoiaram esta administração, a qual advogava a guerra preventiva contra a maior ameaça enfrentada pelos EUA pós-11/09: o Terrorismo. Esta doutrina provou-se equivocada ao longo de toda administração republicana, juntamente com a Política Externa unilateralista americana.
O governo de Barack Obama procura distanciar-se da imagem criada pelo seu antecessor, tanto no âmbito doméstico, quanto externo. Embora seja muito cedo para se falar em uma "Doutrina Obama", pode-se perceber que a Secretaria de Estado do novo governo vê-se envolvida em várias obrigações externas, para além daquelas que os EUA necessitem se envolver - ou estejam dispostos a arcar com os custos deste envolvimento. Neste sentido, Obama tem buscado distanciar-se das questões 'desnecessárias' nas quais o país esteja envolvido (Cuba, Iraque, Venezuela, Irã, democratização, para citar algumas) e concentrar-se num número reduzido destas: China, Afeganistão, crise econômica global e Israel/Palestina. Este distanciamento não se caracteriza por um isolamento dessas questões, mas sim, numa distensão das mesmas, haja vista o diálogo de tom reconciliatório entre EUA e Cuba.
Mas, o que isso tem a ver com a frase de Obama a Lula na última reunião de cúpula do G20? Um dos instrumentos utilizados por Obama para se descolar do governo Bush Jr. tem sido se aproximar de países intermediários-chave do Sistema Internacional (SI) e atrai-los para o centro das instituições políticas e econômicas internacionais. E é justamente aí que se encaixa a frase aparentemente non-sense de Obama sobre Lula colocando-o, ainda, como o político mais popular do mundo. Também não é gratuita a foto dos líderes do G20 (acima), na qual Lula aparece quase no centro da mesma, ao lado da Rainha Elizabeth 2ª e à frente de Obama.
Os países desenvolvidos e, principalmente, os EUA de Obama sabem que o Brasil é um país com considerável liderança regional e influência política no SI, ainda que sem poder suficiente e necessário para produzir mudanças no status quo internacional. Por isso, a frase 'This is my man' confere prestígio a Lula, tanto ao homem quanto ao político, com o objetivo de atrair o Brasil (e, com ele, a América do Sul) para uma participação mais intensa e ativa nas instituições internacionais de forma que estes Estados não se oponham à ordem internacional vigente; antes, cooperem com os EUA e demais países na sedimentação da mesma.
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